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A identidade da Quartabê foi construída em cima da metáfora da sala de aula: o grupo se vê como uma turma de escola, que escolhe seus próprios professores dentre grandes mestres da música brasileira.  Composto majoritariamente por mulheres, o quarteto vem aprofundando um trabalho de recriação da obra de compositores brasileiros com uma abordagem não  convencional – inicialmente com Moacir Santos e, mais recentemente, Dorival Caymmi – inserindo recursos eletrônicos e referências como a  vanguarda paulista e a música contemporânea erudita.

Em “Lição #2: Dorival”, a Quartabê traça um caminho diferente em relação às releituras desenvolvidas em seus dois primeiros álbuns: partindo de sessões de improvisação baseadas em fragmentos harmônicos, melódicos e rítmicos selecionados ao longo de um intenso período de estudo da obra de Dorival, chegam a uma única peça musical em que temas, motivos, timbres e outros elementos de seu universo se entrelaçam. Suas canções muitas vezes não estão em primeiro plano ou não aparecem completas: foram transformadas, dilatadas, condensadas e sobrepostas, formando uma imbricada teia em que não se sabe onde termina o autor e começa o intérprete. Ao trazer a obra de Dorival para o universo do grupo, a Quartabê busca recriar, à sua maneira, a aura ritualística desta obra-barco, levando-a a correntes desconhecidas e deixando-se embalar pelo mar infinito de Caymmi.